Pela primeira vez em Florianópolis, Cia Corpos Nômades, de São Paulo, comemorará 21 anos, apresentando espetáculo e workshop de dança, no Teatro Pedro Ivo, nos dias 02, 03 e 04 de setembro de 2016.
Dirigido pelo coreógrafo e bailarino João Andreazzi, espetáculo dá sequência a pesquisa iniciada há 16 anos, cujo foco foi a extinta Favela do Gato e a cultura Guarani, nas aldeias Krukutu e do Jaraguá. O texto O Despovoador, de Samuel Beckett, serve como inspiração e provocação, além de se alinhavar a outras fontes inspiratórias fundamentais, como o retorno aos locais visitados.
Após uma temporada na cidade do Rio de Janeiro e em São Paulo, a Cia Corpos Nômades apresentará nos dias 02, 03 e 04 de setembro de 2016, o espetáculo O ESPECULADOR DE OLHOS INVISÍVEIS DE CARNE, em Florianópolis, no Teatro Pedro Ivo.
A “coreodramaturgrafia”: junção de movimentos vocais, corporais, textos, projeções, trilha sonora, elementos cênicos e coreografias, como o coreógrafo e bailarino João Andreazzi, diretor da montagem, gosta de definir, faz parte das comemorações dos 21 anos da Cia.
O ESPECULADOR DE OLHOS INVISÍVEIS DE CARNE resgata o princípio da ideia do “corpo nômade”, inquietação artística de Andreazzi, dando sequência a uma pesquisa iniciada há 16 anos, cujo lugar/foco foi a extinta Favela do Gato – hoje conjunto habitacional do Parque do Gato – e a cultura Guarani, nas aldeias Krukutu e do Jaraguá. O texto O Despovoador, de Samuel Beckett – escrito no final da década de 60 – serve como importante inspiração e provocação para a criação, além de se alinhavar a outras fontes inspiratórias fundamentais, como o retorno aos locais visitados, em 1999, pela Cia. Corpos Nômades – e revisitados em 2014 e 2015, com o intuito de se observar as modificações ocorridas.
Para João Andreazzi os textos de Samuel Beckett serviram de condutores para as escolhas dos elementos cênicos e elaboração da “coreodramaturgrafia”. “Na montagem , resgatamos o conceito de nômade, da errância do corpo, para encontrar um caminho que nos permeia neste sistema em que vivemos, uma compreensão do período de existência desses corpos e as transformações que ali ocorreram”, explica o diretor.
Sufocamento
O espetáculo envolve a sensação de sufocamento das grandes cidades, pela especulação imobiliária, pela má utilização e distribuição do solo, entre outras questões. Estes alinhavos feitos com diferentes texturas e sensações, somados aos pensamentos de Deleuze e Guattari sobre o Capitalismo e a Esquizofrenia, deram de forma estranha e inquietante os tons da dramaturgia às coreografias, brotando, desta junção, as “coreodramaturgrafias”.
“A crítica ao capitalismo se dá num processo de construção e reconstrução do cenário urbano e também dos corpos que o habitam. A ideia de um nomadismo que abarca favelas, conjuntos habitacionais, moradias provisórias, um Minha Casa Tantas Vidas, identidades compostas e fragmentadas”, conta Andreazzi.
Desconstrução do corpo
A cenografia de O ESPECULADOR DE OLHOS INVISÍVEIS DE CARNE traz imagens em vídeo e elementos de desconstrução e reconstrução do espaço: de lonas a casinhas de madeira, de palha de coqueiro a garrafas pet que servem como uma espécie de artefato de respiração ou representação do sufoco contemporâneo com os performers enchendo-as e esvaziando-as com a boca.
“O especulador do título remete à ideia da ocupação urbana determinada pelo poder aquisitivo na construção incessante do lucro, mas o que se desconstrói é também o corpo. Trata-se do esgotamento do espaço proposto por Beckett e perpassado pelas reflexões e provocações de Deleuze e Guatarri”, acredita o diretor.
Para Andreazzi, chama a atenção uma passagem do texto que trata dessa perspectiva mostrando que a angústia existencial se inscreve também no físico, neste atrito de corpos que se esbarram, se comunicam, disputam o mesmo espaço, transpiram, se amam, se violentam. É um retrato do corpo urbano e da eterna luta de ocupação do espaço pelo homem. “Uma guerra de nervos, levada às últimas consequências e à flor da pele.”
A Petrobras é a patrocinadora da manutenção da Cia. Corpos Nômades.
Ficha Técnica:
Concepção e Direção – João Andreazzi. Elenco – Bruna Dias, Dresler Aguilera, Gervasio Braz e João Andreazzi. Trilha Sonora – Felipe Julian. Iluminação – Décio Filho. Figurino – David Schumaker. Cenário e Vídeo – Cia. Corpos Nômades e David Schumaker. Designer Gráfico – Juliana Basile. Fotos: Carlos Araujo.Agradecimentos – Marcos Tupã (Aldeia Krukutu), Francisca Guarani (Aldeia Krukutu), Tupãzinho (Aldeia Krukutu) Sr. Sassa (Favela do Gato), Dona Maria (Favela do Gato), Leticia Mantovani, Davi Martins (Aldeia Jaraguá), Jacira Minelli Andreazzi, Marcela Costa, Talita Bertanha e Claudio Willer. Classificação etária – 14 anos. Duração – 65 minutos.
Link do Teatro Pedro Ivo para compra de ingressos:
http://www.teatropedroivo.sc.gov.br/index.php/evento/o-especulador-de-olhos-invisiveis-de-carne/
No sábado, dia 03/09/2016, das 15h às 17h, workshop gratuito de dança contemporânea com João Andreazzi, fundador da Cia. Corpos Nômades. O workshop ocorrerá no Palco do Teatro Pedro Ivo – Florianópolis, e envolverá temas que serviram de inspiração para a criação do espetáculo O ESPECULADOR DE OLHOS INVISÍVEIS DE CARNE. Para participar, é preciso enviar um e-mail para ciacorposnomades@gmail.com; com uma carta de interesse. São 20 vagas, para pessoas com a idade acima de 16 anos.
Andreazzi criou esta aula de dança contemporânea a partir de experiências corporais vivenciadas desde os anos 80. A aula, fruto de um trabalho corporal que deu origem a uma linguagem de movimentos, foi elaborada em 1999, quando o coreógrafo retornou da Holanda, após dois anos de estudo na School for New Dance and Development. Esse trabalho, que também deu origem à Cia. Corpos Nômades, e que carrega princípios da ideia do nomadismo na dança, tem os seguintes preceitos: permitir a fluidez do corpo pelo espaço utilizando o próprio impulso, sem ficar preso em contagens, formas e marcas, e deixar o corpo experimentar o espaço externo e interno através do movimento. No escopo do curso há uma ênfase no trabalho de chão (floor work) e na técnica de expansão das articulações partindo da fonte do movimento, respeitando os órgãos e os sistemas do corpo. Por meio desse método, Andreazzi tem propiciado uma sólida formação a muitos artistas em dança contemporânea.
Sobre a Cia Corpos Nômades
A Companhia João Andreazzi, existe desde 1995, foi rebatizada em 2000, como Cia. Corpos Nômades. Desde seu lançamento em 2000, a Cia Corpos Nômades já participou de diversos eventos das Artes Cênicas. Com o espetáculo de estréia OOZE/EZOO que integrou elementos das artes cênicas contemporâneas com os elementos da cultura Hip-Hop (uma co-produção da Bienal da Dança do SESC de 2000, tendo como cenário o Cais de Santos-SP), integrou a programação do Balaio Brasil realizado pelo SESC São Paulo e no ano seguinte foi selecionado para a Mostra Oficial do Festival de Curitiba, fazendo logo após uma pequena temporada no SESC Pompeia e uma Turnê pelo interior de São Paulo também no ano de 2001. Com o espetáculo Pôs-Ter fez a abertura do evento Outras Danças no SESC Ipiranga/SP em 2002 e com Remix-Pôs/Ter no ano de 2003 participou do evento Dança no Arena do Centro Cultural São Paulo (CCSP). Já em 2004, esteve com o espetáculo Hyperbolikós no espaço do Itaú Cultural e no CCSP nas Semanas da Dança e em 2005, com a mesma obra, realizou uma turnê pelo interior de São Paulo, por algumas unidades do SESC, integrou a programação do Panorama SESI de Dança e o evento 4 Movimentos no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro em 2006. Com o espetáculo solo Nocaute no ano de 2004 apresentou-se no CCSP, Fórum Mundial de Cultura no SESC Pompéia e na Mostra de Dança de Santo André, com esse mesmo solo também integrou o Panorama SESI de Dança de 2005. Com Algum Lugar Fora do Mundo, espetáculo em comemoração aos cinco anos de existência, participou da Mostra Internacional SESC de Artes Mediterrâneo, Virada Cultural da Cidade de São Paulo, Semanas de Dança CCSP, Caravana Paulista de Teatro, Caixa Cultural Rj – Teatro Nelson Rodrigues. Com Cenas Corpos Nômades em 2006 no evento Semanas de Dança – CCSP e na Virada Cultural da Cidade de São Paulo. Em 2007, Gramática Expositiva do Chão teve pré-estréia nos SESCs São José do Rio Preto e Santana, fez temporada no O LUGAR e em 2008 esteve no SESC Sorocaba. Já o espetáculo Fuga Fora do Tempo, teve sua estreia no evento Dança em Pauta do CCBB – SP (2007) e realizou temporada no O LUGAR em outubro de 2007 e novembro a dezembro de 2008. No repertório da Cia constam os espetáculos O Barulho Indiscreto da Chuva, Hotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio, Édipus Rex – A Máquina Desejante, Espectros de Shakespeare – Do Outro Lado do Vento, Na Infinita Solidão Dessa Hora e Desse Lugar, Uma Sinfonia Entre a Medula Óssea e o Piscar dos Olhos e Hostel Project. A Cia. Corpos Nômades e João Andreazzi receberam alguns prêmios, tais como: APCA 2000, Funarte – EnCena Brasil 2002, Rumos Itaú Cultural Dança 2003, Prêmio Estímulo à Dança SMCSP 2004, APCA 2005, 1º, 4°, 6º, 10º e 12º Fomento à Dança da Cidade de São Paulo e Funarte Klauss Vianna 2007, APCA 2010, Petrobras Cultural 2013.
Vídeo do espetáculo
https://www.youtube.com/watch?v=MlgTQKPD4To
Link do Teatro Pedro Ivo:
http://www.teatropedroivo.sc.gov.br/index.php/evento/o-especulador-de-olhos-invisiveis-de-carne/
SERVIÇO
“O Especulador de Olhos Invisíveis de Carne”, com Cia. Corpos Nômades.
Faixa Indicativa: 14 anos. Duração: 65 minutos
Data/Horário:: 02 a 04 de setembro de 2016 – sexta e sábado às 21h e domingo às 20h
Local: Teatro Governador Pedro Ivo Campos, Rodovia SC – 401, hm 5, nº 4600 – Florianópolis – Bairro Saco Grande 2. Estacionamento gratuito para o público do Teatro.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) – bilheteria abre com 2 horas de antecedência. Lotação: 100 pessoas.
Informações e reservas para workshop: (48) 9934-1089 – WhatsApp ou pelo e-mail ciacorposnomades@gmail.com