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Em “Algum Lugar Fora do Mundo” o público participa ativamente do desenvolvimento do enredo, instalando-se em barracas que funcionam como relicários.

Para seguir a trupe em sua viagem utópica a esse não-lugar basta se deixar levar pelo sonho. Mas essa viagem, é de bom que se diga, não é meramente onírica, embora acompanhada de personagens inusitadas e extravagantes como Rimbaud, Artaud, Baudelaire, Cocteau, Mallarmé, Domenico de Masi, Umberto Eco, Buñuel, Fernando Pessoa e outros. Ela é, ao contrário, um grande questionamento das matérias-primas com a qual a companhia trabalha desde seu surgimento: o homem, a cultura. Dessa vez, porém nada do alento da poesia deliciosa de Paulo Leminski, nada da investigação da cultura urbana hip-hop, ou do tratamento sarcástico do mundo contemporâneo da moda e do consumo. Agora, busca-se de maneira sutil e bem humorada questionar dois pilares da cultura: a tradição e a comunicação. Não é o apego à tradição ou mesmo sua negação o mote da discussão que anima o debate cultural pelo menos nos últimos séculos e que parece aniquilar a própria cultura? Não tem sido o uso exacerbado da tecnologia da comunicação na cultura globalizada a responsável pela incomunicabilidade contemporânea? Existe possibilidade de apreensão do todo ou de parte dos fenômenos culturais no nosso contexto do tudo é cultura? Como já dizia o outro poeta popular: “parem o mundo, que eu quero descer!”, quem sabe, viajar, acampar … em algum lugar fora do mundo.

Foto Murilo de Paula (57)banner

– Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) 2005;

– Caixa Cultural 2007;

– Mostra Internacional de Artes Mediterrâneo – SESC/SP 2005;

– Caravana de Teatro SESC/SP 2006.