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As lembranças indiscretas dos intérpretes, as que brotaram da história do casarão construído na década de 30 – e hoje sede da Companhia – e de seus arredores, os relatos das pessoas que acessaram a sala de ensaio virtual (www.ciacorposnomades.blogspot.com) – criada para alimentar a dramaturgia com estímulos para a livre expressão de seus usuários – e autores como Fernando Pessoa, Beckett, Berard-Marie Koltès e Oswald de Andrade, são todas referências primordiais para a construção coreográfica e dramatúrgica de O Barulho Indiscreto da Chuva. Esses estímulos fazem parte da investigação cênica proposta por João Andreazzi para a Cia. Corpos Nômades, nomeada por ele de coreodramaturgrafia, para a criação de um espetáculo que mescla dança contemporânea, teatro, vídeo-arte e música.

Este trabalho busca por meio das imagens do corpo, do vídeo e da voz, envolver o público nômade em situações que evocam o corpo versus o abandono, o tempo, o amor, a sexualidade e a loucura. Denominamos o público “nômade”, porque este acompanha o desenvolvimento do espetáculo em todo o espaço da sede, com cenas que ocupam os diversos ambientes, trabalhando com a memória de um prédio que já foi, entre outras coisas, moradia para uma família com um pomar ao fundo, tendo como vizinho o artista Oswald de Andrade e na frente o Colégio Des Oiseaux, que na década de 70 se transformou em salão de gafieira.

A estrutura do espetáculo se desenrola como uma película cinematográfica, com as coreodramaturgrafias sendo editadas de acordo com o enredo e fusões geradas pelo processo criativo, envolvendo os cheiros, os sons, as texturas e essas lembranças indiscretas atemporais que estão presentes em figuras que se situam entre a realidade e a ficção.

– Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2007.