Nos dias 08, 15 e 22 de março de 2017. Número de participantes: 40 pessoas. Público alvo: pessoas acima de 16 anos interessadas no tema. Valor do ingresso: R$30,00. Quartas das 19h30 às 21h30. Os interessados podem retirar/comprar o ingresso no Espaço Cênico O LUGAR de segunda a sexta das 15h às 18h, exceto no Carnaval (dinheiro ou cartão). Quem comprar para os 3 dias, pagará meia entrada. Para reservas de ingressos enviar um mensagem para o e-mail ciacorposnomades@gmail.com, com assunto: Poesia e Xamanismo, mencionando quais os dias e quantos ingressos.
POESIA E XAMANISMO: MAGIA E EXPRESSÃO POÉTICA
Curso com três aulas
O que é um xamã? A que modalidades de magos, feiticeiros e sacerdotes se aplica o termo? Até que ponto alguns poetas podem ser identificados a xamãs? O que em suas obras justifica essa associação? Por que uma declaração como “O Eu é um outro” de Rimbaud corresponde a algo típico do xamanismo? Qual a contribuição de Herberto Helder à compreensão das afinidades de poesia e xamanismo? Um poema como “O índio interior” da Invenção de Orfeu de Jorge de Lima pode ser lido como xamânico? O soneto “Versos dourados” de Gérard de Nerval é poesia xamânica? Cabem as associações de Antonin Artaud ao xamanismo? Quais os principais poemas que retomam o tema das descidas aos infernos ou ao reino dos mortos? O mito de Orfeu – patrono dos poetas – é xamânico?
Xamanismo e xamãs têm sido objeto de interesse crescente nas últimas décadas. Entre outras razões, pela universalidade de suas manifestações. O termo, originariamente aplicado a sacerdotes ou feiticeiros siberianos e uralo-altaicos, deve sua extensão, consideravelmente, a Mircea Eliade, autor de O xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase, livro de 1951, que registrou suas manifestações em povos e sociedades de diferentes lugares e períodos. Examinou iniciações com viagens aos céus e ao centro da terra, subidas e descidas ao longo de um eixo do mundo; experiências de morte e renascimento, destruição e reconstituição do corpo; utilização de substâncias psicoativas; o ocasional travestimento ou transexualidade; as provas de aquisição de poderes como profetizar, curar, deslocar-se. E a expressão através de outra linguagem –origem da poesia – possibilitando a comunicação com espíritos, animais, a natureza.
Tudo isso vem sendo retomado por antropólogos, historiadores das religiões, e também poetas e estudiosos da literatura, com o acréscimo, ainda dos depoimentos dos próprios xamãs: um bom exemplo recente é o livro A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, de David Kopenawa e Bruce Albert – com prefácio de outro autor de contribuições importantes, Eduardo Viveiros de Castro.
Correlatamente, vem sendo observada a afinidade do xamanismo com modos de expressão poética. Temas e traços do xamanismo podem ser encontradas em uma diversidade de autores, desde Dante Alighieri, passando por William Blake, Gérard de Nerval e Rimbaud, até modernos e contemporâneos como Jorge de Lima, Antonin Artaud, Vicente Huidobro, Herberto Helder, Michael McClure, Jerome Rothemberg, Roberto Piva e outros mais recentes.
Em julho de 2016 dei uma extensa palestra a respeito. Mas não consegui cobrir todos os tópicos e autores que havia proposto. Sobrou assunto. E, desde então, novas leituras mostraram-me outras interpretações e modos originais de examinar o assunto. Daí agora programar um curso com três sessões.
O objetivo é, em primeira instância, enriquecer a leitura da poesia, possibilitando enxergar mais sentidos e novas interpretações, além de ampliar a sensibilidade dos leitores.